Modelo do uniforme foi criado por um grupo de alunos e venceu uma votação disputada

Detentos do sistema prisional do Espírito Santo começarão a fabricar, em breve, 800 mil uniformes escolares para os estudantes da rede estadual. A ação faz parte do programa Costurando o Futuro, que capacita internos para a produção de uniformes, ao mesmo tempo que promove sua ressocialização, criando um impacto significativo tanto na vida dos presos quanto na educação do estado.

O ponto de partida da criação dos uniformes foi uma Maratona Criativa, realizada no dia 26 de abril no Hub ES+, espaço de referência para a economia criativa capixaba. Durante as oito horas de imersão, cerca de 40 participantes – entre estudantes, designers, profissionais de moda e artes visuais, e até mesmo alunos da própria rede estadual – trabalharam em equipes para criar protótipos de uniformes que representassem a identidade dos estudantes capixabas.

A secretária de Estado da Cultura em exercício, Carolina Ruas, destacou a importância do evento, ressaltando que a maratona não apenas gerou um modelo de uniforme, mas também simbolizou a força da criatividade a serviço de demandas reais da sociedade.

“Essa ação foi feita por meio de uma maratona criativa, operacionalizada pelo nosso Hub ES+, um espaço de referência para a economia criativa do Estado. Lá reunimos especialistas, artistas, profissionais da moda e do design, além de estudantes, para juntos superarem o desafio de elaborar o uniforme para toda a rede estadual. É um exemplo de como a criatividade pode estar a serviço de demandas reais da sociedade”, afirmou Ruas.

Após intensa discussão e trabalho colaborativo, quatro propostas finalistas — Badejo, ES Cria, Ícones do ES e Traço Capixaba — foram submetidas à votação pública no site da Secretaria de Estado da Educação (Sedu). Entre 12 e 28 de maio, mais de 54 mil votos foram registrados, demonstrando o engajamento da comunidade escolar com o processo de criação.

O modelo vencedor, Traço Capixaba, foi então transformado em um arquivo profissional completo, com todas as especificações técnicas necessárias para a produção em larga escala. Foi nesse momento que o Hub ES+ entrou em cena novamente, assumindo a etapa crucial de silkagem das peças e as visitas técnicas às fábricas de costura do sistema prisional, que seriam responsáveis pela produção.

Ressocialização

O projeto Costurando o Futuro não se limita à produção de uniformes, mas tem um papel fundamental na inclusão social dos detentos. Aproximadamente 150 internos, capacitados nas fábricas de costura da Secretaria de Justiça (Sejus), serão responsáveis pela confecção dos uniformes. A atividade envolve três fábricas que atenderão à demanda das 800 mil peças a serem distribuídas entre os estudantes da rede estadual.

Marcelo de Araújo Gouveia, subsecretário de Ressocialização, enfatizou o impacto social da iniciativa: “Capacitamos nossos presos para que possam produzir. Muitos deles nunca tinham trabalhado ou aprendido um ofício. Essa parceria com a Sedu é uma dádiva, pois transforma vidas e reconecta essas pessoas com algo que um dia já fizeram parte: a escola.”

O projeto não só garante que os internos aprendam uma profissão, mas também promove a redução de pena para aqueles que participam da produção, ampliando suas chances de reintegração social.

O impacto dessa ação vai além da produção de uniformes. Para o secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, a entrega gratuita dos uniformes simboliza um avanço histórico para a equidade no ambiente escolar e oferece suporte às famílias de estudantes. Ele ainda destaca a importância do processo colaborativo na construção do novo uniforme, que reforça o pertencimento dos estudantes à sua escola e à sua cultura local.

“Essa entrega gratuita representa um avanço importante para a equidade no ambiente escolar e para o apoio às famílias. Além disso, o processo de criação colaborativa reforça o pertencimento dos nossos estudantes e valoriza a identidade da escola pública capixaba”, comentou de Angelo.

O governador Renato Casagrande também ressaltou a relevância da ação, não apenas no aspecto educacional, mas como um passo concreto para reduzir as desigualdades e promover a inclusão social. “Quando ofertamos o uniforme gratuitamente, é também um alívio financeiro para muitas famílias. É uma forma de tratar todos os alunos com igualdade e pertencimento. Além disso, essa é uma política que integra educação, cultura e justiça, mostrando como o trabalho conjunto dentro do governo gera novas perspectivas”, destacou o governador.